No luteranismo se pode encontrar duas correntes distintas, as quais congregam as diversas denominações que se declaram luteranas. Essas duas correntes se distinguem em relação a sua compreensão para com o Livro de Concórdia, o documento que reúne os textos identitários do luteranismo. Essa discordância define então os luteranos considerados confessionais daqueles que não recebem esse nome.
Embora seja possível dizer que um traço de destaque que distingue os dois grupos é adoção ou abertura para a teologia liberal, isso não é de todo correto, pois nem toda congregação não confessional se define como liberal. Portanto, a questão está na declaração dos luteranos confessionais que as doutrinas ensinadas no Livro de Concórdia na sua totalidade são completamente fiéis aos ensinamentos da Bíblia. Em contrapartida, luteranos não confessionais subscrevem o Livro da Concórdia como uma exposição de fé, na medida em que concorda com a interpretação da Bíblia.
Na prática, essa diferença acaba por estabelecer certos paradigmas relacionais das duas vertentes do luteranismo que definem o relacionamento dos dois ramos com as demais confessionalidades cristãs. Luteranos confessionais são menos inclinados ao ecumenismo e estabelecem as confissões luteranas como regra para revisionismo interpretativos de doutrinas bíblicas, o que, em tese, freia iniciativas liberais de novas hermenêuticas e postulados doutrinários. Por outro lado, luteranos não confessionais são mais abertos ao ecumenismo e fazem parte do Conselho Mundial de Igrejas, além disso, o revisionismo doutrinário e uma hermenêutica mais aberta também os caracterizam, de modo que, em suas fileiras o liberalismo teológico encontrou espaço. Por fim, em relação aos números, luteranos confessionais são a minoria entre os dois grupos.
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